sábado, 26 de julho de 2014

Militância diplomática - Ruy Fabiano


Diplomacia, como se sabe, não é exatamente campo adequado para exercícios de militância.
O Itamaraty, desde os tempos do Barão do Rio Branco, cultivou o que veio a se chamar de pragmatismo responsável, o que o tornou considerado nos fóruns internacionais.
Sendo o Brasil um país ainda periférico, sem grandeza bélica, sempre evitou entrar em briga de cachorro grande. 
Seu ingresso na Segunda Guerra Mundial foi precedido de amplas negociações com os Estados Unidos, que resultaram na Siderúrgica de Volta Redonda, na Eletrobras e no consequente up grade em sua infraestrutura industrial.
Mesmo assim, só o fez, já na etapa final do conflito, depois de ter navios em sua costa bombardeados pelos nazistas. Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Mas esse era o Itamaraty pré-PT, cujas linhas-mestras sobreviveram aos mais variados governos, incluindo os da ditadura militar.
O PT introduziu na diplomacia brasileira o vírus da militância. O país deixou de lado seus interesses - comerciais, políticos, estratégicos -, perdendo mesmo a noção de sua desimportância relativa, e passou a orientar sua conduta pelo viés ideológico.
A adesão ao bolivarismo chavista – de cuja gênese o PT participou, via Foro de São Paulo – o distanciou de parceiros tradicionais, como Estados Unidos e União Europeia.
Em compensação, o país passou a apoiar – e financiar – ditaduras, como as de Cuba e do Sudão, que contabiliza assassinatos numa ordem de grandeza que supera a soma de diversas Faixas de Gaza. Seus aliados preferenciais, na geopolítica global, são países como Coréia do Norte e Irã.
Alia-se a forças criminosas como as Farc, que mantêm campos de concentração na selva e vivem do que apuram com sequestros e venda de drogas. O chanceler de fato, Marco Aurélio Garcia, recusou-se a admiti-las como grupo terrorista, optando pela expressão oblíqua de “forças insurgentes”.
É compreensível, já que suas lideranças sentavam-se lado a lado do PT no Foro de São Paulo. Grande parte dos assassinatos que ocorrem anualmente no Brasil – mais de 50 mil, a maioria pobres e jovens – decorre dessa aliança sinistra, que igualmente supera em muito os até aqui sacrificados da Faixa de Gaza.
Eis, porém, que, não satisfeito em protagonizar uma diplomacia pelo avesso no continente, o Itamaraty decide incursionar pelo Oriente Médio. Lula já havia aparecido por lá, quando presidente, sustentando que sua experiência de sindicalista, habituado a negociar, seria suficiente para clarear um conflito que há décadas desafia as maiores diplomacias do planeta.
Expôs-se (e nos expôs) ao ridículo, sobretudo porque, além de não negociar coisa alguma, optou claramente por uma das partes – no caso, os palestinos. Eis que agora o ridículo se repete. E, de certa forma, com maior gravidade, pois a militância diplomática se dá em pleno conflito.
Diplomacia não comporta amadorismo. O Brasil não integra o grupo de países com expressão geopolítica, que exercem influência na região e nos fóruns internacionais. O primeiro dever da diplomacia é o desconfiômetro, isto é, perceber o seu tamanho. Foi mais ou menos isso que, para nosso constrangimento, nos disse o porta-voz do governo israelense, ao nos qualificar de “anões”.
O conflito de Gaza tem complexidade bem maior que uma negociação sindical. Não começou hoje e nem se sabe quando, como e se terminará. Apelar ao cessar-fogo – gesto-clichê que as grandes potências fazem enquanto buscam uma saída - implica não julgar as partes em conflito.
O Itamaraty valeu-se do jargão, para, em seguida, condenar apenas uma das partes, exatamente a que não teve a iniciativa do presente embate. Militância e diplomacia são práticas que se repelem e, quando se insiste em misturá-las resulta no que se viu: vexame.

Ruy Fabiano é jornalista

Irrelevante



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Paulo Roberto Gotaç

Foi-se o tempo em que os diplomatas eram personalidades com poderes reais para executarem as políticas externas de seus respectivos de governo, com autonomia e espaço para decisões que às vezes determinavam o rumo da História. 

Com a complexidade do mundo atual, a diplomacia perdeu um pouco de sua proeminência e muitas das questões ligadas à relação entre os estados passaram a ser delineadas diretamente, até sem a assessoria dos respectivos Ministérios das Relações Exteriores, nos gabinetes dos governantes executivos, condicionadas aos aspectos políticos de interesse, e, com isso, o diplomata, embora ainda importante para dar liga a essa decisões, se transformou em um mero funcionário público, sem passar de um co-adjuvante nas complexas resoluções emanadas dos setores realmente responsáveis pelo destino das interações internacionais. 

Assim, uma escaramuça envolvendo tais funcionários merece ser comparada a uma briga com puxões de cabelo e, no recente incidente envolvendo diplomatas do Brasil e Israel, pode-se considerar irrelevante a convocação do embaixador brasileiro e também irrelevante a resposta do representante de Israel, ao tachar o Brasil de diplomaticamente irrelevante. 


Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.

Chance perdida de calar a boca


Posted: 26 Jul 2014 06:35 AM PDT

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Humberto de Luna Freire Filho

O governo brasileiro perdeu uma grande oportunidade de permanecer calado com relação ao conflito entre palestinos e israelense. Resolveu emitir nota dizendo que "considerava inaceitável o uso de força desproporcional de Israel", ao que Israel respondeu: "essa é uma demonstração lamentável de porque o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua sendo um anão diplomático". E continuou: " o Brasil está escolhendo ser parte do problema em vez de integrar a solução.

Seu comportamento nesta questão ilustra a razão porque esse gigante econômico e cultural permanece politicamente irrelevante". Isso, à primeira vista, até parece uma critica, mas na verdade é um elogio, porque o Brasil não é um gigante econômico e cultural.

Há anos nossa economia desce a ladeira sob a direção de uma quadrilha de incompetentes e corruptos e, por oito anos, fomos governados por um semi analfabeto e, hoje, por uma incompetente, que não consegue concluir nenhum dos seus raciocínios em pronunciamentos públicos. Israel que se cuide, pois a Força Aérea Brasileira (FAB), sob o comando da dona Dilma, chefe supremo das Forças Armadas, conta com 6 aviões Mirage, que foram desativados há um ano, mas que ainda tem condição de decolar, não se sabe se, também, de aterrissar.

Mas, como guerra é guerra... Israel que se cuide.


 Humberto de Luna Freire Filho é Médico.

Troca de cartas entre Israel Klabin e o ministro Luiz Alberto - Ricardo Noblat

26.7.2014
 | 9h18m
POLÍTICA


Ao Excelentíssimo Senhor
Ministro das Relações Exteriores
Luiz Alberto Figueiredo Machado
Sempre tive, bem como a minha família, íntima relação com o Itamaraty através de dois chanceleres: Horácio Lafer e Celso Lafer, ambos judeus, que honraram não apenas o nome da família, mas o Brasil e sua política externa.
Não preciso lembrá-lo também da importância de Oswaldo Aranha, quando Embaixador junto a ONU, na criação do Estado de Israel, trazendo com isso o agradecimento de todos os judeus do mundo.
É, portanto, com estranheza que acabei de ler a séria ofensa feita ao Estado de Israel e a todos nós judeus, pelo Itamaraty, quando “chamou o Embaixador para consulta”.
Tanto meus pais quanto eu, fazemos parte das gerações que atravessaram o holocausto e herdaram a missão de prestar serviços à humanidade e aos países que agasalharam os judeus na fuga milenar das perseguições oriundas de preconceitos, de ódios raciais e religiosos.
A nota do Itamaraty demonstra claramente um retrocesso da política fracassada de levar o Brasil para um envolvimento errado e desnecessário, antagônico ao princípio de não intervenção, o que tem sido um dos pilares da política externa brasileira através dos tempos.
A análise preconceituosa do que realmente está acontecendo no conflito em Gaza, seguramente levou o Itamaraty a conclusões apressadas e equivocadas.
Israel se defende de ataques de grupos terroristas, do Hamas associado ao Hezbollah, ao Irã e de tudo aquilo que é mais odiento na evolução política do Oriente Médio. Estranho o Brasil omitir-se em relação a esses grupos que tentam, pelo terror, “jogar os judeus ao mar”. Isto seguramente não acontecerá.
Ninguém mais do que o próprio Estado de Israel e as comunidades judaicas do mundo lamentam a perda inútil de vidas humanas provocadas pelo uso suicida das populações civis de Gaza, pelos terroristas de Hamas. Por outro lado, choramos também pelos soldados israelenses que tombaram lutando pela segurança do Estado e de suas famílias.
Pela admiração que tenho por V. Exª., gostaria que fosse levado em conta não apenas pressões políticas imediatistas, internas ou externas ao Itamaraty, mas também os grandes serviços que a comunidade judaica brasileira vem prestando ao nosso país no passado, no presente, bem como nosso compromisso com o futuro do Brasil, nosso país, e de Israel como centro da nossa cultura.
Respeitosos cumprimentos,


Meu querido Israel,
Muito agradeço sua mensagem, pois me permite dar explicações ao amigo de tantos anos, a quem sempre respeitei e respeitarei. Sinto muito ter causado ofensa, pois isto jamais foi minha intenção. Peço sua paciência para arrolar algumas considerações:
- Em nota do dia 17 deste mes o Itamaraty condenou tanto os ataques de foguetes pelo Hamas contra Israel, quanto o ataque desproporcional israelense a Gaza, mantendo nossa postura de equilíbrio e reclamando o cessar fogo imediato e a solução de dois Estados, Israel e Palestina, vivendo em paz e segurança;
- a nova nota, datada de ontem, se prende à tragédia humanitária da morte de crianças, mulheres e idosos, em grande número, como consequência da luta;
- hoje dei várias declarações à imprensa, em que ressalto e reitero nossa condenação aos ataques do Hamas e defendi o direito de auto-defesa de Israel. Esclarecei que nossa nota se prende à proporcionalidade da resposta israelense, diante da elevada perda de vidas na população civil. Morreram cerca de 200 crianças palestinas. Sejam palestinas, sejam israelenses, são 200 crianças.
- apesar de declarações destemperadas de um porta-voz israelense, optei por não polemizar, dizendo que povos e países amigos podem discordar eventualmente, e que isso deve ser feito sempre de maneira respeitosa;
- ressaltei que a amizade e as relações com Israel devem ser preservadas.
Você me conhece e sabe que não sou dado a radicalismos. Nem teria por que fazê-lo com relação a Israel. O Brasil é um belo exemplo de como as comunidades de origem judaica e árabe convivem em paz e harmonia.
Acho apenas que criticar as ações de um governo não quer dizer criticar um país ou um povo. Não aceito que essas coisas se confundam. Tenho muitos amigos de origem judaica que são críticos do atual governo israelense, e em termos muito duros. Nem por isso suas críticas são consideradas ofensas.
Eu agradeço muito sua franqueza e respeito suas colocações. Peço ao amigo que também aceite as explicações que dou. Muito longe de mim ofender amigos tão queridos como meus amigos judeus. Muito menos, ofender uma pessoa como você.
Mas quero ter o direito de discordar respeitosamente do governo israelense, quando for o caso, sem que isso seja lido como uma ofensa a todo um povo. A morte de um número elevado de mulheres, crianças e idosos é uma perda para todos, pouco importa sua origem.
Um abraço muito afetuoso,

Desculpe David Luiz - Cristovam Buarque



Os EUA tiveram uma guerra civil que custou cerca de 600 mil vidas. A Alemanha foi derrotada duas vezes no período de 27 anos e a França foi ocupada pelos alemães. Outros países tiveram grandes traumas por terremotos e maremotos.
Nossos traumas foram derrotas no futebol: para o Uruguai, em 16/7/1950, e Alemanha, em 8/7/2014. Sofremos por causa dos 7 a 1 no futebol, mas esquecemos dos 103 a Zero para a Alemanha em Prêmios Nobel.
A realidade social não nos traumatiza porque nossos grandes problemas foram banalizados.
Consideramos tragédia ter o quarto melhor time de futebol do mundo, mas não nos traumatiza quando, no dia 1/3/11, a UNESCO divulgou que estamos em 88º lugar em educação; nem quando, em 15/3/13, o PNUD divulgou que estamos em 85º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano; ou quando o Banco Mundial nos coloca como o 8º pior país em concentração de renda; ou ainda quando soubemos que somos o 54º país em competitividade no mercado mundial; ou quando o IBGE divulgou, em 27/9/13, o aumento no número de adultos analfabetos entre 2011 e 2012.
Nenhum trauma aconteceu quando a Transparência Internacional nos reprova em corrupção; ou quando vemos que, no ano passado, 54 mil brasileiros foram assassinados no país e outros 50 mil mortos no trânsito.
Não nos traumatiza o fato de que 50 milhões de brasileiros - desalojados históricos pelo modelo econômico - passariam fome se não fossem as pequenas transferências de renda, como se eles fossem abrigados depois de uma inundação.
Não nos choca a destruição de 9% a mais de florestas em 2013 do que em 2012.

Sofremos com as derrotas no futebol porque elas não foram banalizadas, são exceções na nossa trajetória de vitórias.
Não nos traumatizam os desastres sociais porque nos acostumamos a eles e nos acomodamos. Por isso, não exigimos de nossos líderes políticos o mesmo que exigimos dos jogadores e técnicos.
Ao ouvir David Luiz pedir desculpas porque não foi “capaz de fazer seu povo feliz, pelo menos no futebol”, pensei que deveria pedir desculpas a ele, porque sou parte da seleção brasileira de líderes políticos e não consigo fazer o necessário para facilitar a vida de cada brasileiro em busca de sua felicidade.
O político não proporciona felicidade, como um artilheiro que faz gols, mas deve eliminar os entulhos sociais, tais como, transporte público ineficiente, fila nos hospitais, escolas sem qualidade e violência descontrolada, que dificultam o caminho de cada pessoa em busca de sua felicidade pessoal.
Esses entulhos sociais que povoam o Brasil provam que nós, os políticos brasileiros, não estamos ganhando a Copa do Bem Estar, base necessária, embora não suficiente, para a felicidade de cada pessoa.
Por isso, eu e todos os políticos com mandatos, não David Luiz, devemos pedir desculpas por não eliminarmos os entulhos que dificultam a busca da felicidade por cada brasileiro.

Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo PDT-DF 

“To default or not default, that´s the question”


 Cartas de Buenos Aires: Gabriela Antunes
“Quero dizer a todos os argentinos que esta Presidenta não vai assinar nada que comprometa o futuro das próximas gerações argentinas, como fizeram alguns que assinaram qualquer coisa”, desabafou Cristina Kirchner em seu facebook nesta quinta-feira.
Cristina tenta acalmar os ânimos, diante de um possível default de uma dívida adquirida nos anos que seguiram a bancarrota do país em 2001. A Argentina vem tentando desesperadamente recuperar sua credibilidade internacional desde então, mas o “devo, não nego, pago quando puder” pode não ser suficiente para salvar o país de um novo calote, um termo que o Governo evita usar.
O caso dos chamados “fundos abutres” é complexo. Pertencem a instituições que compraram títulos da dívida argentina após a bancarrota de 2001 e que rejeitaram as ofertas de reestruturação feitas em 2005 e em 2010. Agora, pressionam o país em tribunais internacionais.
Os meandros do que tramita no Supremo americano são difíceis de explicar. As idas e vindas da causa dariam um livro. O importante neste momento é o que o Governo tenta de todas as maneiras evitar uma onda de penalidades que poderiam chegar a US$ 100 bilhões. Trata-se de uma quantia absurda para um país que tem pouco mais de US$ 28 bilhões em reservas internacionais.
Tic tac tic tac...
O Governo tem até o dia trinta de julho para pagar cerca de US$ 1,3 bilhão já acordados referentes aos bônus renegociados. Se não conseguir, tecnicamente entraria em default novamente. As autoridades, no entanto, sustentam que o país não precisa dos investimentos internacionais que poderiam vir se o país não continuasse a ser um terreno pantanoso para o crédito internacional.
“Querem nos assustar dizendo que, se não fazemos o que os fundos abutres querem, não chegarão capitais internacionais e nem teremos acesso a financiamento. O que eu digo é: desde o ano de 2003 até hoje, quando foi que tivemos acesso a financiamento internacional?”, escreveu Cristina nas redes sociais, mantendo o argumento de que a Argentina vem sofrendo um ataque do mercado especulativo.
Os economistas são quase unânimes em afirmar que a Argentina não está perto de uma crise tão grave quanto a de 2001. Mas o temor da estagnação da economia, uma inflação que o Governo não consegue controlar e o medo do desemprego voltam a alarmar os argentinos.
O ex-ministro da economia Roberto Lavagna chegou a dizer que a Argentina está “entre um tufão e um tsunami”, referindo-se à situação de escolha entre o mal e o mal menor.
No meio disso tudo estão milhões de argentinos que ainda têm pesadelos com a crise de 2001.

 
A Argentina sofre com os "abutres" do sistema financeiro

Gabriela G. Antunes é jornalista e nômade. Cresceu no Brasil, mas morou nos Estados Unidos e Espanha antes de se apaixonar por Buenos Aires. Na cidade, trabalhou no jornal Buenos Aires Herald e hoje é uma das editoras da versão em português do jornal Clarín.Escreve aqui todos os sábados.

POEMA DA NOITEA - Tristeza, por Aurea Domenech



Agora tudo é triste,
Como uma mangueira carregada;
Como homens de paletó e gravata;
Como os mendigos da calçada;
Como o silêncio da madrugada.

Aurea Domenech nasceu no Rio de Janeiro em 1956. Além de poeta, é artista plástica, tradutora e advogada. Participou de algumas exposições pelo mundo, tais como na P.T.A Art Galery em Winnetka. Em 1989, publicou o elogiado O Pescador de Sombras e prepara mais um livro para este ano.

Petralhas temem que escândalo de lavagem de dinheiro no Banco Espírito Santo chegue ao “Pai e ao Filho”



Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Petralhas acompanham, com uma lupa banhada a ouro, as consequências da Operação Monte Branco, iniciada pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal de Portugal, para apurar transferências ilegais entre gestores de fortuna, em um dos maiores escândalos globais de lavagem de dinheiro. Ontem, alguns ricos políticos brasileiros ficaram “apertadinhos” com a detenção provisória do banqueiro Ricardo Salgado, diretor executivo do Grupo Espírito Santo e patriarca da família que empresta o nome à instituição financeira com a qual membros da cúpula petista costumavam fazer negócios e investimentos. Pavor maior: o escândalo português pode ter ligações com a Operação Lava Jato no Brasil...

Ricardo Salgado pagou fiança de € 3 milhões e voltou para casa, no Estoril. Mas o que ele falou em sete horas de depoimentos aos promotores lusitanos pode ter complicado a vida de alguns brasileiros, principalmente políticos “novorricos” que tinham negócios bilionários com o Grupo Espírito Santo, e muito dinheiro depositado no BES. Um dos alvos da investigação do Ministério Público português são as triangulações entre Portugal, Brasil e países africanos (principalmente Angola e Moçambique). Suspeita-se que muito dinheiro seja lavado em jogadas de compra e venda de diamantes e em operações nas bolsas de valores, em súbitas trocas de ações de grandes empresas.

Os “investidores” brasileiros andam apavorados porque o Grupo Espírito Santo vive um inferno político-econômico. O governo e o Banco Central de Portugal têm dito que o BES tem capital suficiente para enfrentar os riscos decorrentes de dívidas da família. No entanto, a Espírito Santo International (ESI), holding controlada pelo Grupo Espírito Santo (GES), já entrou com “pedido de proteção contra os credores” na Justiça da Luxemburgo. Como a medida tem o mesmo efeito da recuperação judicial no Brasil, a conjuntura fica obscura.

As incertezas são grandes. A holding Rio Forte, que integra o Grupo Espírito Santo, falhou em pagar mais de US$ 1 bilhão em dívida à Portugal Telecom (cuja sigla, por ironia, é PT). O grupo de telecomunicações foi obrigado a aceitar um corte em sua parte na empresa resultante da fusão com a brasileira Oi – na qual membros da cúpula petista e aliados teriam grande volume de ações ordinárias e preferenciais. Investidores minoritários da PT vão entrar com ações contra os dirigentes da empresa, por não terem avaliado, de forma correta e transparente, os riscos da dívida das empresas envolvidas na fusão.

Em nome de quem?

Comentário nada religioso de quem pressente problemas com as denúncias de lavagem de dinheiro contra uma das maiores instituições financeiras portuguesas – onde alguns novos ricos brasileiros têm investimentos:

“A coisa já está esquisita para o Espírito Santo, em Portugal. Breve, pode ficar feia para o Pai e o Filho, no Brasil...”

Ou seja, o perigo é que seja revelado em nome de quem, aqui no Brasil, tem dinheiro supostamente levado-lavado lá na terrinha...

Rejeitada



Vai tomar no TCU?

O advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, apela ao estatuto da Petrobras para justificar que Dilma Rousseff é inteiramente responsável pela decisão de compra da refinaria Pasadena, nos EUA.

Ribeiro considera equivocada a decisão do TCU de inocentar Dilma e demais membros do Conselho de Administração da Petrobras, jogando a culpa de eventuais erros apenas nos membros da diretoria executiva, que estão com seus bens bloqueados:

“O ministro relator foi induzido ao erro. Ele partiu de um pressuposto falso, que inúmeras vezes repetido, passou como se fosse verdadeiro. É falsa a declaração de Dilma de que o resumo executivo das condições de compra de Pasadena era técnica e juridicamente falho. Essa argumentação acabou responsabilizando quem não deveria ser responsabilizado, os diretores".

Não podia, mas pode...

Por meio de petição apresentada ontem, o advogado Edson Ribeiro tentará invalidar a decisão do TCU de responsabilizar apenas os diretores.

Ribeiro também questiona que o ministro José Jorge não poderia ocupar a posição de relator do caso, por já ter sido membro do Conselho da Petrobras:

"Ele foi presidente do conselho de administração da Petrobras em 2001 e 2002, tem interesses em sua decisão. Não basta o julgador ser um homem honesto e íntegro. Ele precisa parecer. Para isso, não deveria ser julgador".


Hora da mudança



Ex-helicóptero do Garotinho

Desejando fazer dinheiro para a caríssima campanha deste ano, o deputado Antony Garotinho vendeu seu helicóptero de quatro lugares, avaliado em R$ 4,5 milhões.

Um empresário carioca pagou ontem a primeira parcela de R$ 1 milhão - grana sacada do Banco Safra.

O restante ficou dividido em quatro vezes, e a grana deve ajudar a campanha de Garotinho a decolar ao governo do Estado do Rio de Janeiro.

Tem culpa eu, Paulinho?


Dane-se o aeroporto?



A petralhada inunda a internet de charges para tentar enrolar Aécio Neves no rolo do aeroporto particular do tio dele, na cidade mineira de Claudio...




Guerra a Israel?



Dilma Rousseff articula com os demais sócios do Mercosul a emissão de uma declaração de condenação do uso desproporcional da força por Israel contra a Faixa de Gaza.

O texto deverá ser aprovado durante a reunião de cúpula do bloco, segunda e terça-feira, em Caracas.

Petistas, petralhas e os diplomatas do Itamaraty ficaram PTs da vida com a declaração do porta-voz da chancelaria de Israel, Yigal Palmor, de que o Brasil é um “anão diplomático” e “parceiro diplomático irrelevante”.

Anãozada



Top, top e top...



Moscas do poder



Não tem remédio, não...



Espetáculo de dança



Um megashow dos bailarinos e bailarinas da Georgia



© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 25 de Julho de 2014.

MÁ DAMA CONTINUA EXPORTANDO DÓLARES


ZéMaria


Notícia do Blog do Coronel: Dilma injetou U$ 150 milhões para remodelar os aeroportos de Cuba. (link no título)

Empréstimo está sob segredo de estado. Foi manchete no Diário de Cuba, mas não mereceu nem nota na Folha de São Paulo.

Segunda-feira, 21 de julho de 2014

Cuba 1 Em vez de construir um dos 800 aeroportos regionais que prometeu em 2012, Dilma Rousseff mandou o dinheiro para remodelar e reformar os aeroportos cubanos. Uma espécie de “Mais Aeroportos” cubano. A notícia foi comemorada pelos jornais da ilha-prisão. Aqui no Brasil, a Folha de São Paulo prefere montar dossiês contra a oposição, mas não investiga estes empréstimos que ninguém sabe em que condições se deram, já que Fernando Pimentel, o petista que é candidato ao governo de Minas, colocou as operações sobre segredo de estado, por ordem da presidência da República.É hora da Oposição colocar o dedo na moleira deste governo corrupto.

DE COMO GANHAR DINHEIRO FABRICANDO EXTINTORES


Old Man


SERÁ QUE VÃO FAZER MERDA?
PERGUNTAR NÃO OFENDE! SERÁ QUE VÃO FAZER MERDA DE NOVO?

O Correio Brasiliense, em maio, foi fundo ao pote. Publicou uma manchete das boas, que só não fazemos porque não somos jornal impresso:

AVISO AOS NAVEGANTES
Mais uma vez o poder executivo aplicando o tradicional Artigo 171
Confira no seu carro: se o extintor for do tipo BC, não importa a validade de cinco anos, pois terá de ser jogado no lixo e substituído por um ABC, obrigatório a partir de janeiro de 2015.
E cuidado para não empurrarem a você um BC bem barato, pois as lojas querem se livrar do estoque. Exija um ABC. Caso contrário, multa de R$ 127,69 e cinco pontos no prontuário.
Um alerta para ninguém cair no conto do vigário e levar outro do tipo BC, que só vale até dezembro de 2014. Extintor é uma aberração e não defendo sua obrigatoriedade no automóvel. Na verdade, só mesmo alguns países incoerentes e corruptos como o Brasil ainda exigem o extintor, mesmo com a injeção eletrônica. Depois que ela eliminou o carburador e distribuidor, uma dupla que até parece ter sido projetada para botar fogo no carro, são raros os incêndios em automóveis modernos. Só mesmo em Kombis e Fuscas…

Extintor sempre foi controvertido. Obrigatório desde 1968, o motorista dificilmente se lembra de onde fica e tem dificuldade para operá-lo corretamente. Pior: raramente tem eficiência ao combater incêndio em automóveis. A exigência foi motivada por um poderoso lobby de fabricantes que pressionou o Contran para estabelecer a obrigatoriedade. Outros países o aboliram quando o carburador foi substituído pela injeção eletrônica. E o inacreditável: em vez de abolir o equipamento, a exigência agora é por outro, mais caro e sofisticado.
Há dez anos, não satisfeitos em encher as burras com o bilionário faturamento de milhões de extintores, os fabricantes carregaram para Brasília mais alguns “argumentos poderosos” e conseguiram emplacar no Contran uma outra resolução, desta vez exigindo um novo modelo.
E a lei mudou em 2005, começando pelos veículos zero quilômetro. Mas, até o fim deste ano, todos os automóveis terão de substituí-los pelos do tipo ABC. Sentiu a mão entrando duas vezes no seu bolso?  Depois de utilizado o dos cinco anos de validade, o ABC não é reciclável nem recarregável e tem que ser descartado e substituído por outro novo. Pode?
Fácil ganhar dinheiro com extintores no Brasil, não? É só multiplicar por R$ 50 (custo dele no mercado) as dezenas de milhões de veículos que ainda têm os antigos, mais os carros na linha de montagem e mais as substituições dos ABC vencidos para se ter uma ideia de quantas centenas de milhões de reais são faturados à custa  ─ como sempre ─ do indefeso cidadão brasileiro.
Um incalculável faturamento originário de um equipamento que, de pouco eficiente na época do carburador, tornou-se quase inútil com a injeção eletrônica dos automóveis modernos.
É difícil conhecer alguém que teve que usar o tal extintor em veículo de passeio.

ONDE OS FILHOS MORREM


26 de julho de 2014
 MOISÉS MENDES
Jornalista
moises.mendes@zerohora.com.br

Puxei para perto do computador, para que ficasse de prontidão ao meu lado, um livro que levei tempo para ler. Lia cinco páginas e parava. Extenuado, puxava ar na janela e prometia: amanhã continuo.
Foi assim por meses, em dias salteados, desde que ganhei o livro do meu amigo Carlos André Moreira, há três anos. Minha força era vergada pelas aflições de um pai e de uma mãe.
O livro é Fora do Tempo, de David Grossman (Companhia das Letras, 2009). Os que lerem esse livrinho de 170 páginas poderão se afastar das convicções exacerbadas em torno do conflito entre israelenses e palestinos.
Quase tudo o que você não aguenta mais sobre essa guerra perde sentido. Claro que não falo das informações, por menos imparciais que sejam, mas da repetição dos argumentos engajados sobre quem tem as mais ancestrais das razões, sobre as versões políticas e religiosas para cada pedaço de terra e sobre a desqualificação do inimigo, de sua história e de suas crenças.
Grossman é israelense e por isso minha leitura pode, de imediato, ser enquadrada como tendenciosa pelos que se entrincheiram em posições categóricas em debates nas esquinas.
O próprio Grossman é visto com extrema desconfiança por setores da sociedade israelense. Mas seu relato poderia ser o de qualquer pai destruído por qualquer guerra _ ser judeu é a sua condição, não a sua condenação antecipada. E Grossman é um grande escritor.
Em 2006, ele escrevia um romance sobre a mãe de um soldado que sai de casa e perambula por Israel. Ela tenta escapar da visita dos militares que um dia iriam informá-la de que o filho havia morrido na guerra sem fim.
Perambulando, enganaria os anunciadores da morte. O livro era escrito havia três meses quando o sargento Uri Grossman, de 20 anos, foi morto numa batalha contra o Hezbollah, no Líbano. Grossman perdia o filho que não queria lutar.
Uri ficara conhecido entre os soldados israelenses como “o esquerdista”, por adotar as posições pacifistas do pai. Morreu no dia 12 de agosto de 2006. Rodrigo Lopes, repórter de ZH, cobriu essa guerra de 33 dias.
Para sobreviver, Grossman terminou o livro sobre a mãe que sai de casa.  Chama-se A Mulher Foge (também da Companhia), e boa parte do que conta é inspirado em coisas que Uri contava ao pai.
Pouco depois, o escritor publicou Fora do Tempo. Desta vez, quem perambula é o homem que perdeu o filho na guerra. O livro tem várias vozes em versos, como poemas medievais. O homem atormentado vai andando e narrando a memória daquele filho forte, que voltava da praia com cheiro de sal nos cabelos.
O pai e a mãe, que fica em casa, mas também narra a caminhada, são tomados pelas lembranças do filho criança, do cheiro das fraldas e do cobertor de bebê.
Grossman é um pacifista, por isso mesmo desimportante para os que produzem guerras. No enterro de Uri, em Jerusalém, disse: “Ele tinha valores, uma palavra tão aviltada ultimamente. Porque deixou de ser moda ter valores ou ser humanista, ou sensível ao desamparo do outro, mesmo que o outro seja seu inimigo no campo de batalha.”
Por mais que você se esforce para assimilar a aflição alheia, a sua dor _ como diz a apresentação do livro _ será sempre de segunda mão, será a dor de quem observa a distância o inferno dos outros.
Você não pode, diz Grossman, ver a guerra como um jogo. Você não está numa torcida. Mas precisa ser apresentado aos horrores de uma guerra. E agora o horror sem retoques, sem volteios, está, sim, em Gaza.
É ali que os pais perambulam pelos filhos que morrem antes de serem soldados. Esta é a verdade, como a que se apresenta ao pai caminhante de Fora do Tempo, que é, enfim, o próprio Grossman:
E ele-mesmo está morto
eu entendo, quase,
o significado desses
sons: o menino está morto.
eu reconheço assim
nessas palavras a verdade
sem conforto. Ele está morto.
Ele está morto.
Mas sua morte
sua morte
não morreu