terça-feira, 3 de setembro de 2013

Edifícios de Nova York passam por retrofit para reduzir consumo de energia


  • Planejamento foi iniciado em 2009. Até o fim deste ano, deverão ser feitas as primeiras vistorias em prédios com mais de 4.645 metros quadrados

Foto: Marco Antonio Rezende
Marco Antonio Rezende
RIO - Em 2030, pouco do famoso skyline de Nova York terá mudado. Afinal, 85% dos prédios que estarão em pé na cidade dentro de 17 anos, já estão lá. Há muitos anos. Por dentro das construções, no entanto, quanta diferença. Incentivados por políticas públicas que incluíram a criação de quatro leis sobre consumo de energia, os proprietários estão investindo em retrofits para melhorar a eficiência energética de seus edifícios. O objetivo é reduzir em até 30% a emissão de gases causadores do efeito estufa.
Para isso, o planejamento foi iniciado lá trás, em 2009, com a implantação gradativa dessas leis. Até o fim deste ano, deverão ser feitas as primeiras vistorias em grandes prédios (com mais de 4.645 metros quadrados). O objetivo é observar se seus sistemas de energia estão funcionando bem, o que deve ser repetido a cada dez anos. Já a lei que obriga edifícios comerciais a instalarem medidores individuais será implementada até 2025. Outras duas regras já estão implantadas. A Lei de Aferição obriga todos os prédios a medirem anualmente o seu consumo. E o Código de Energia estabelece os padrões de eficiência dos equipamentos de iluminação, aquecimento e refrigeração para novas construções e reformas.
— Estamos falando de um universo de mais de 13 mil propriedades e mais de 185 mil metros quadrados. Aplicar uma legislação ampla que pudesse abranger todas as nuances desses prédios construídos em épocas tão diversas era nosso maior desafio — afirma John Lee, diretor para prédios verdes e eficiência energética da Secretaria de Planejamento a Longo Prazo e Sustentabilidade da prefeitura de Nova York.
Lee vem ao Brasil este mês para participar do 6° Simpósio Brasileiro de Construção Sustentável, em que vai falar sobre a promoção de políticas públicas de incentivos para retrofit. Organizado pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), o simpósio acontece em São Paulo, no dia 17, e discute soluções para a sustentabilidade de edifícios, bairros e cidades.
— Nova York tem uma necessidade maior que a nossa de reduzir o consumo de energia, porque suas matrizes são ligadas ao CO2. Mas podemos aprender com sua experiência de políticas de incentivo — acredita Erica Ferraz de Campos, diretora do CBCS.
Para Lee, o modelo baseado em análise e informação do consumo de energia pode ser exportado. Mas é preciso que cada país leve em conta suas necessidades e condições locais para definir seus próprios objetivos em prol de cidades mais sustentáveis.
Enquanto em Nova York as leis são baseadas num modelo extremamente poluente — o quase um milhão de prédios nova-iorquinos polui mais que o trânsito da cidade, já que usa aquecimento a óleo —, o Brasil tem uma matriz limpa, prioritariamente hidrelétrica. Mas falha ao reproduzir modelos de prédios pouco eficientes a seu clima.
— Há 30 anos construímos prédios envidraçados que viram estufas. Precisamos levar em conta a luz solar, a carga térmica, posicionar corretamente a fachada — exemplifica Pedro Rivera, arquiteto e diretor do Studio-X, braço carioca da Universidade de Columbia.

 

Advocacia-Geral da União não quer levantar a suspeição de Toffoli nos processos do banco que lhe dá desconto


Deu no Estadão
A Advocacia-Geral da União (AGU) descarta pedir suspeição do ministro do Supremo José Antonio Dias Toffoli nos processos movidos pelo Banco Mercantil do Brasil contra o governo. O órgão alega não ver, “até o momento”, “elementos que justifiquem” o afastamento do ministro da relatoria dos casos.
De 2007 a 2009, até ser indicado pelo então presidente Lula para ser ministro do Supremo, Toffoli comandou a AGU, que representa o governo em ações judiciais. O atual chefe do órgão, Luís Inácio Adams, sucedeu ao ministro no cargo.
Como o Estadão revelou, o ministro Toffoli relata ações do Mercantil, embora tenha obtido no banco, em 2011, empréstimos de R$ 1,4 milhão. Após decisões nos casos, em abril deste ano, a instituição cortou as taxas de juros de 1,35% ao mês para 1% ao mês, o que assegurou a ele um desconto de R$ 636 mil no total de prestações, a serem pagas até 2028.
De acordo com o Código do Processo Civil e o Regimento do Supremo, cabe arguir a suspeição do magistrado quando alguma das partes for sua credora. Questionada, a AGU não explicou por que não vê elementos para pedir afastamento do ministro dos casos. O Estadão enviou na sexta-feira questionamentos à assessoria de imprensa do órgão, que não se pronunciou.
SEM EXPLICAÇÕES
Toffoli nega relação entre os processos movidos pelo Mercantil contra o governo e a concessão dos empréstimos, com abatimento dos juros. As prestações somam R$ 16,7 mil mensais ou 92% da remuneração líquida no Supremo. O ministro sustenta que seus ganhos não se resumem ao salário, mas se nega a detalhá-los.
O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) informou na sexta que pedirá à instituição que fiscalize os empréstimos ao ministro. A entidade quer que o Departamento de Supervisão Bancária apure se os créditos foram liberados seguindo as normas do sistema bancário e a política interna do banco. O Mercantil não fornece detalhes da negociação com o ministro, justificando que a operação é protegida por sigilo bancário.
O BC não informou se vai investigar os empréstimos. O Mercantil não respondeu a questionamentos enviados nesta sexta pelo Grupo Estado.